A história do poker no Brasil e no DF. A minha história… – Parte 2

BSOP - 2008
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Por Humberto Alencar

Após jogar um pot de R$ 21k no cash live e perder ontem, volto novamente no tempo para relembrar o inicio de tudo. Na época em que “sits” de R$ 50 eram uma fortuna.

O ano era 2004, por mera coincidência cai na minha mão o filme Cartas na Mesa, o melhor filme sobre poker que eu já vi. Na minha opinião após a vitória do Moneymaker na WSOP, nada influenciou tanto o boom no poker quanto esse filme. Logo no inicio do filme o protagonista, interpretado por Matt Damon, diz: o “No Limit Texas Hold`em é o cadillac do poker!!”. Aquela frase me fez tentar aprender o jogo o mais rápido possível.

Começa então o desafio, aprender um jogo sem alguém para te explicar, sem regras em português, e o mais difícil ensinar os amigos o jogo e convencê-los que era algo mais interessante. Aprender as regras do jogo hoje é tão fácil que parece fazer o desafio da época ridículo. A cada reunião com meus amigos eu explicava um pouco do novo jogo, que eram só 2 cartas, que tinha um flop com 3 cartas, que tinha um Small Blind e um Big Blind etc. A medida que eu ia aprendendo as regras eu ia ensinando a turma. O engraçado é que a galera ficava “p” da vida, de acordo come eles: “Pô Humberto você muda as regras do jogo toda vez!”, “Você inventa regras para te favorecer!” e por aí vai… kkk. O que interessa é que no final todos aprendemos.

Assim fico nos anos de 2004 e 2005, e em 2006, um encontro casual mudaria tudo para mim. Encontro um amigo de infância que me diz que iria rolar um “sit” na casa dele de R$ 50, era algo como R$ 250 hoje. Obviamente para quem está começando era uma fortuna. Era o André, o “gostosa” do poker… Fui ao encontro e lá estava a nata do poker de BsB na época: Lêo Montedôneo, Jansen (primeiro “reg” online de BsB), Satler, Hélio Bob e por aí vai… Essa galera já estava mais avançada, liam livros em inglês e estavam começando a organizar o que seria a primeira liga de poker: o DFPoker.

No segundo semestre de 2006, o DFPoker bombou. Com torneios baratos os torneios chegaram a ter mais de 100 pessoas, o que era sensacional para a época. Para diminuir os custos, a maioria dos torneios eram em churrascarias, no horário de almoço, assim a galera pagava o rodízio e o estabelecimento fornecia a infra-estrutura de mesas e cadeiras a custo reduzido. Dealer na mesa nem pensar, os próprios jogadores tinham que se virar para embaralhar, cortar e saber as regras…

Em outros estados ocorreram movimentos semelhantes como o Circuito Paulista e em âmbito nacional começava o surgir o BSOP que temos hoje. Em 2008 uma das etapas do BSOP veio para Brasília, o Alexandre Gomes tinha acabado de ganhar o bracelete da WSOP e veio participar. O torneio bateu o recorde de participantes. Segue trecho de uma matéria escrita na época por Leandro Brasa para Cardplayer Brasil:

    “Há três anos, poucos poderiam imaginar que um torneio de poker com a proposta de rodar o Brasil, viajando       de cidade em cidade, atingiria qualquer número perto de 100 jogadores regulares. Menos pessoas ainda               imaginariam que, dentre estas cidades, pudessem estar capitais de fora das regiões Sul ou Sudeste.

    Mas no dia 22 de agosto último, um torneio-satélite do Brazilian Series of Poker (BSOP) começou a mudar esta    história. Ao contar com 82 jogadores e gerar 20 vagas para o evento principal que se realizaria no dia seguinte,    este satélite confirmou o que muitos se recusariam a acreditar: Brasília, Capital Federal, cravada no centro do       nosso país, mostra sua força no poker nacional, e com 141 jogadores estabeleceu um novo recorde de público do   BSOP!

   Além da presença maciça do público local, sendo a grande maioria brasilienses e goianos, a primeira etapa no     centro-oeste também contou com aficionados de quase todos os grandes estados do Brasil. Dentre esses, nomes   como Luis “Mestre” Filipe, Bruno GT, Hugo Adametes, Jorge Breda e outros. E mais duas presenças ilustres             completaram essa constelação de estrelas do poker nacional: o primeiro brasileiro a ganhar um bracelete da         World Series of Poker (WSOP), o curitibano Alexandre Gomes; e o mineiro Rafael Caiaffa, 55º colocado no Main      Event do WSOP. AllinGomes, que já fez diversas mesas finais no BSOP, viajou mais de 1300 km para prestigiar a    etapa no DF. Caiaffa veio direto de Minas Gerais, em busca da liderança do ranking nacional.

   Antes do início do torneio, diversas palavras para celebrar o novo recorde e as presenças, e os 141                      competidores presentes puderam finalmente apreciar uma estrutura de blinds (45 minutos) e stack inicial      (15.000 fichas) condizente com a proposta de técnica e habilidade de nosso esporte preferido.”

Era isso galera.

Tudo ocorreu de vento em polpa em 2007 e no segundo semestre de 2008, até que ocorreu o que chamo de “Black Friday” no cenário live do poker do DF. Neste momento já tinha se consolidado o DFPoker,
e alguns clubes de poker já tinham sido criados e funcionavam num ambiente entre a clandestinidade e a legalidade. Ocorre que existiam algumas casas de apostas, roletas e jogos de azar, na W3 Sul, e que infelizmente também faziam algumas mesas de “cash game”. A polícia encarou tudo como jogo de azar, fez batidas, fechou tudo… E o DFPoker foi junto. Foi uma bomba atômica no poker de Brasília.

A reconstrução do poker em Brasília demorou anos… Somente em 2014 uma etapa do BSOP voltou a ser realizada em Brasília. Sobre essa reconstrução eu continuo na parte 3.  Pra quem não viu, veja a parte 1 Aqui!

Abraço

 

 

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