Fala, Jogador!
Tudo tranquilo?
Você já definiu o seu estilo de jogo favorito? No nosso Questionário do Jogador de Poker (responda aqui o questionário), as proporções são as seguintes: 86% da nossa audiência prefere jogar Torneios e 14% prefere os Cash Games.
Quem está começando e quer trilhar um caminho no Poker, seja profissional ou por hobby lucrativo/renda extra, tem essa dúvida. Eu mesmo já busquei regularidade pelas duas vertentes e vou fazer aqui algumas comparações de maneira imparcial para ajudar quem está iniciando agora.
Quando me apresentei, no meu primeiro artigo, eu não entrei em detalhes, mas comecei no Poker Online pelo Party Poker, em 2006, com um depósito de 50 dólares para jogar Sit N Go de 6 dólares (o mais barato da sala na época): menos de 10 Buy-ins, hehehe. Isso afronta uma boa gestão de bankroll. De qualquer forma, valia a experiência e, pra minha surpresa, ela foi positiva, esses $50 renderam por uns 3, 4 meses com o BR ultrapassando $400. Naquela época, não tínhamos a quantidade de conteúdos para estudar como hoje, o nível técnico dos jogadores era amplamente inferior ao atual. Bastava um pouco de paciência, foco e agressividade na hora certa, para bater esses Sits.
De repente veio a primeira quebrada (são raros os jogadores que nunca “quebraram”). São dois os principais fatores que quebram jogadores iniciantes: controle emocional e gestão de bankroll. Essa dupla, quando não as dominamos, torna-se fatal, e vendo aquela tentação de mesas de cash game à disposição, resolvi sentar em uma NL 50 (blinds $0.25 / $0.50) com 50 dólares. Depois de um pouco de ação, perdi o primeiro buy-in, provavelmente em uma Bad Beat e o que fazemos nessa hora? Recompramos mais, né? A ânsia por recuperar fala mais alto e o que acontece em sequencia? Outra Bad e outro cacife indo embora! O que fazemos para recuperar? Sentamos numa mesa mais cara, NL 100 (blinds $0.50 / $1) e o que acontece? Um cooler do Tipo 66 x TT, com bordo 64Txx. E sem mais nenhum pingo de controle emocional, deixamos o restante do BR na mesa.
Quem chegou até aqui talvez pense que Torneio é o “Bonzinho” e Cash Game o “Vilão”, não é? Calma! O erro sempre está no jogador e nunca na modalidade. Pela minha inexperiência, acabei cometendo os dois erros fatais. Ficou o aprendizado!
Voltamos com novo depósito pros sits de $6, levantando aos poucos o BR, e eis que surge meu amigo e hoje sócio Leonardo Montedônio, e me apresenta um software chamado CDPoker. Resolvi arriscar, tirei uns $200 do Party Poker e coloquei no CDPoker, e como formava poucos Sits, me aventurei no Cash Game, sem gestão de BR novamente fui para NL 50, só que dessa vez runnamos bem e o nível dos jogadores era tão ruim que no primeiro dia transformei os $200 em $550! Aquilo era o paraíso dos “fishes”, um sonho, tratei logo de chamar o Adametes pra criar sua conta. Ele como um dos brasileiros mais técnicos da época, foi muito feliz por lá também.
Essa possibilidade de acelerar o ritmo dos ganhos me deu um gostinho pelo Cash Game, onde me dediquei até 2009 entre NL25, NL50 e NL100. Por isso me veio a ideia de comparar os dois estilos de jogo nesse artigo.
Mas chega de história e vamos lá:
Torneio x Cash Game
Os dois estilos são bem técnicos, cada um com a sua peculiaridade.
No torneio os blinds aumentam e os stacks vão ficando mais curtos, o que cria um dinamismo maior no jogo, obrigando os jogadores a explorarem o máximo do seu range de mãos para criar spots criativos, que lhes ajudam a sobreviver.
No Cash os blinds são fixos e o jogo quase sempre fica em 100BBs+, deep, o que lhe torna um jogo cadenciado, embora agressivo, com muito pós-flop e balanceamento de range para dificultar a leitura dos seus oponentes. A matemática torna-se ainda mais importante, Pot-Odds é fundamental.
Os dois jogos são muito técnicos, mas no Poker só técnica é insuficiente. Eu tenho comigo que, para ser vencedor nesses estilos, é preciso dominar as seguintes variáveis, nessa proporção (razão pelo qual descrevo logo abaixo):
Torneios: 60% técnica e 40% emocional.
Cash: 45% técnica e 55% emocional.
O Tilt em torneio custa a sua inscrição, um valor fixo, podendo acarretar na perda do valor de inscrição dos próximos torneios caso prossiga registrando em Tilt, o que é mais difícil por que o jogador mesmo descontrolado sabe que terá que enfrentar uma jornada grande ali, não gera a expectativa de recuperar parte do prejuízo na próxima mão como no Cash Game.
No Cash uma tiltada pode custar muito caro e faze-lo cometer inúmeros erros em sequência, o que poderá dissolver seu BR com perdas de inúmeros cacifes numa única seção. Enquanto que com um bom resultado você consegue recuperar uma downswing de torneios, no Cash, mesmo voltando ao seu A-Game (seu melhor jogo), essa recuperação é mais lenta e gradual, por isso acredito que o controle emocional pontualmente faz mais diferença para jogadores de Cash Game.
Pode parecer contraditório ao parágrafo acima, mas a variância no Cash Game é menor que no Torneio. Se você evitar o Tilt, suas perdas e ganhos caminham de forma menos brusca e mais gradual. No torneio você pode enfrentar longos períodos sem vitória, a chamada downswing, aqui novamente o controle emocional faz a diferença.
Há também diferenças no Field, no Torneio você encontra todo tipo de jogador, numa escala de muito ruim a muito bom, é um field mais heterogêneo onde fica mais fácil explorar parte dos jogadores. No Cash o field é mais homogêneo, a média dos jogadores está ali no mesmo nível de pensamento e conhecimento necessário para aquele valor de jogo. Quanto mais caro você joga, mais difícil fica para explorar o field.
Vou finalizando com uma vantagem que vejo em cada um. A principal vantagem do Cash, na minha opinião, é sem dúvidas a liberdade de poder sentar e sair da mesa a hora que quiser. Já no torneio, uma vantagem que enxergo é o lado competitivo/esportivo: ser o campeão de um grande evento pode gerar uma mídia positiva para o jogador.
Atualmente eu optei por jogar apenas torneios. E você? Já definiu seu estilo de jogo favorito? Conte pra gente nos comentários no final dessa página.
Abraços.
João Duque, 30 anos, Empreendedor, Brasiliense. Dedica parte do seu tempo ao grind e estudo dos “Torneios Turbos”, é Sócio-Diretor do Brasil Poker.
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