Vale a pena disputar rankings de poker?

Ranking
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Uma das formas em que os circuitos de poker, sejam online ou live, fazem para “fidelizar” o cliente é criar rankings para quem joga. Várias podem ser as motivações de quem disputa rankings de poker, a financeira (caso o vencedor ganhe um prêmio), o ego, o marketing pessoal sobre o nome do jogador (que pode ser usado financeiramente), etc.

Fazer um ranking decente não é tarefa fácil. Vejamos o exemplo do BSOP. Em 2009, o campeão do ranking não chegou a nenhuma mesa final, mas como fazia muitos “itms”, foi declarado campeão. Talvez não tenha se quer ganhado dinheiro no ano, mas foi campeão. Os critérios mudaram totalmente, em 2010, os pontos eram proporcionais ao dinheiro. Resultado? O campeão da última etapa do BSOP de SP faturou uma bolada e foi campeão brasileiro de 2010 sem necessariamente ter disputado outras etapas e o ranking desde o início. Muda tudo de novo em 2011 e por aí vai. Ou seja, sempre são necessários ajustes.

Pontos que considero importantes antes de entrar de cabeça numa disputa:

1) Um bom ranking é aquele que dá muitos pontos para quem ganha muito dinheiro, e poucos para quem só fica “itm”. Se o ranking não contemplar isso, fuja.

2) Entender quanto será retirado dos torneios para dar de premiação a quem ganhar o ranking. Há casos em que o desconto nas premiações é tão grande que não vale a pena jogar um torneio esporádico, se não for para jogar tudo e disputar o ranking.

3) O inverso também pode ocorrer, o “prêmio” por ganhar o ranking pode ser tão baixo que vira apenas disputa de “ego”. E uma forma de fidelizar o cliente.

4) E se o prêmio for baixo, algo a se pensar é se vale a pena o sacrifício. De alguma forma ganhar o ranking irá trazer algum benefício? Como vender coachings, cavaladas, entrar para um time, etc?

5) Outro ponto importante é não ficar em cima do muro, se a decisão for disputar o ranking, o ideal é entrar de cabeça logo no inicio, já que aqueles pontos do início podem ser decisivos no final da disputa.

6) Não se enganar dando dezenas de buy-ins e gastando mais do que deveria, ao invés de ter algum benefício ao ganhar o ranking, você irá em alguns casos empatar, ou mesmo perder dinheiro. Vejo isso frequentemente. Um jogador gasta inúmeras inscrições para “se dar bem”, e na verdade “se dá mal”, gasta mais do que ganhou de premiação, ganha pontos (e ego) e perde dinheiro. Não vejo muita vantagem nisso. É quase como comprar um diploma. Acho até que os rankings para serem mais justos deveriam descontar pontos para quem dá reentrada.

7) Ser versátil. Para ser competitivo hoje você tem que saber jogar além de Texas, no mínimo Omaha muito bem. Se não, nem adianta tentar. E essa é uma tendência que vai só aumentar.

Em 2014, no meio do ano eu “por acaso” estava em 4° no ranking geral do BSOP e 1° no ranking de Omaha. Digo acaso porque de fato não estava jogando todos os torneios, ao contrário de vários que estavam realmente dispostos a brigar. Faltavam três etapas nesse momento e tive que tomar uma decisão. Entraria de cabeça na disputa, ou deixaria de lado. Fiz uma análise financeira e percebi que a chance de ganhar era boa, mas seria um desgaste grande nas três ultimas etapas, já que para ter reais chances, eu teria que jogar praticamente dois torneios ao mesmo tempo quase todos os dias, e dar buy-in em tudo, fazer reentradas etc. Seria uma decisão financeira também não muito boa, a não ser que de fato eu ganhasse. Decidi não disputar. E joguei apenas os torneios de omaha e main event nas três últimas etapas.

Tudo me diz que a decisão foi certa. Acabei ficando em 2° no ranking de Omaha (esse de fato eu agarrei), mas abri mão do ranking geral. Se eu tivesse ficado em cima do muro teria sido pior, ou engatava em tudo logo ou deixava de lado. Resolvi deixar de lado.

Em 2016, foi anunciado o Campeonato Brasiliense de Poker com 6 etapas de 9 torneios cada. De cara gostei da programação, principalmente porque eu teria que jogar poucos torneios simultaneamente. O que de fato faria a disputa pelo ranking não virar algo apenas de “ego”, mas financeiramente viável e vantajoso. Entrei de cabeça, após três torneios tinha cravado dois, e isso só aumentou minha vontade de mais e mais pontos.

Estamos no mês de junho/2016 e 3 etapas já foram disputadas, ao total 27 torneios, consegui cravar 5, sendo um de Omaha e um Main Event (100k GTd), e várias fts. Consegui abrir uma boa vantagem para o segundo colocado no ranking e espero mesmo ser o Campeão Brasiliense/2016. Com certeza a minha experiência de analisar todas as questões de rankings do passado me ajudaram bastante até aqui.

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